Cultura Não é esmola !!!


 O CENÁRIO EM MOSSORÓ
De acordo com Katharina Gurgel, em relação aos artistas, Mossoró "é um celeiro musical impressionante". "Há artistas na nossa cidade que poderiam fazer sucesso em qualquer lugar, de qualquer forma. Há intérpretes que são bem melhores do que os chamados profissionais. Às vezes, durante o Seis e Meia, os artistas nacionais eram superados pelas chamadas janelas locais", avalia. "Esses artistas, com pouco dinheiro e limitações, venciam pelo seu talento", salienta.
Cultura não é esmola
Produtora cultural com experiência na área de música e shows, Katharina Gurgel explica que se a classe artística fosse mais unida, "tudo seria diferente". "Não se consegue ser forte com divisão. Se todos se unissem, os chamados pré-patrocínios seriam mais fáceis e o empresariado não encararia os artistas como se eles estivessem pedindo uma espécie de esmola para produzir o seu espetáculo", diz.
Foto: Katharina Gurgel
Para ela, "cultura não é esmola". "Às vezes, alguns empresários dizem que vão ajudar com R$ 100,00. Sempre digo que eles não estão entendendo bem. Ou seja, essa visão da cultura como uma forma de 'ajuda', de 'esmola' tem prejudicado, e muito, a classe artística", critica.

Como produtora cultural, Katharina ressalta que o empresário deve ver a cultura com outros olhos. "O que apresentamos para o empresário é a associação da marca dele à do espetáculo... É isso que ele deve entender como apoio, em outras palavras. Enfim, acho um absurdo um músico passar de três a quatro horas cantando e receber a insignificante quantia de R$ 40,00. Isso não é justo; o valor choca. Mas, infelizmente, eles se sujeitam a isso. Entendo a vida de cada um; às vezes, o que eles ganham naquela noite garantirá a comida do outro dia. Porém, se não pararmos de pensar assim, os donos de casas de show e de bares vão continuar pagando isso", destaca.
O problema, apontado por Katharina, é que "muitos se sujeitam a isso". "Enquanto houver artistas que aceitem isso, continuará acontecendo esse tipo de tratamento para com o músico local. A média de cachê deve cobrir, pelo menos, algumas coisas básicas. Atualmente, R$ 400,00 é um bom valor", reforça. "A voz do cantor é seu instrumento de trabalho. Não podemos nos desvalorizar", diz Katharina, frisando, ainda, que é interessante ao artista "uma produção". "O artista não pode ser seu próprio produtor. Estou de fora e posso ver se a roupa, por exemplo, está de acordo com o show e os demais detalhes de um espetáculo. Em muitos casos, o artista não percebe isso. Claro que ele tem a sensibilidade de sugerir, mas, como músicos, precisam daqueles que trabalham com a produção, uma espécie de 'faz-tudo', que se concentre nos detalhes, enquanto ele deve se preocupar com a sua voz, com o trabalho musical em si", salienta.
UM BELO TEATRO E POUCA VISÃO
Katharina acredita que a cidade possui potencial para apresentar, todos os meses, uma grande peça ou show de "nível nacional", mas falta "apoio e visão". "Temos um belo teatro e tudo para colocarmos a cidade no roteiro de grandes espetáculos e shows do Brasil. O município não só vive de forró, sertanejo, humor rasteiro e vaquejada... Existe um público que aguarda uma peça de boa qualidade. O dinheiro não é problema, pois é um público diferente, interessado em bons espetáculos. Em relação ao empresariado, acredito que haverá mudanças", fala, esperançosa.
Em Fortaleza, de acordo com ela, é o inverso, "o empresário procura associar sua marca às peças de teatro. Quem não quer colocar a sua logomarca junto a da Globo. Aqui, no entanto, estamos no papel inverso, pedindo por favor", diz, destacando a importância dos meios de comunicação na valorização dos espetáculos. "As mídias cumprem seu papel. Esperamos que os empresários façam a sua parte", recomenda

Você pode ver a Entrevista na integra: Gazetadooeste.com.br

Postado em 28/04/2012 às 18:15 horas por Maxwell na sessão Cultura

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