Uma música diferente
Uma música diferente
Banda Negantonho se destaca no cenário musical do Estado com proposta diferenciada: música e poesia ao mesmo tempo
Postado em 17/03/2012 às 11:14 horas por Maxwell na sessão Cultura
Enfrentar o cenário musical, sempre competitivo, com uma proposta diferenciada tem sido uma das metas da banda mossoroense Negantonho, que a cada dia incrementa sua musicalidade com a poesia e o trabalho autoral. "Quando a banda surgiu, pouco mais de dois anos, sempre tivemos em mente essa proposta de mesclar poesia e música de uma maneira diferente. Nesse sentido, a Banda Negantonho trabalha a musicalidade, a literatura e experimentos que estejam para além do comum", destaca Mazinho Viana.
Para ele, trabalhar com a arte - mesmo que essa arte esteja na contramão do consumo musical - tem sido gratificante. "Quando comecei a lidar com a arte, todas as portas se abriram para mim. Não gosto quando vejo as pessoas se lamentando disso ou daquilo. Não sou assim. Acho que devemos prosseguir, apesar de todas as dificuldades. Dedicar-se à música tem sido uma das metas de minha vida, pois minha vida é a música", comenta.
Sobre a banda, destaca que atualmente ela possui um ótimo repertório instrumental, regional e poemas que são recitados durante as apresentações. "Isso tem chamado atenção dos que gostam de uma forma diferente de apresentar a música, fazendo com que ela chegue ao maior número de pessoas, seja por meio de um poema ou mesmo através de um instrumental", diz.
Com repertório variado, porém com preferência para o regional, Mazinho destaca que no cenário de hoje uma banda não pode viver apenas de um trabalho 100% alternativo. "Existe a exigência do mercado, que quer outros estilos no palco. Dessa forma fica inviável trabalharmos com um produto 100% alternativo, infelizmente", salienta, acrescentando que, mesmo diante dessa 'exigência do mercado consumidor de música', a banda segue sua proposta levando "um som alternativo, próprio, experimental e com bagagem poética".
A BANDA QUE CHEGA LONGE - A participação especial do grupo durante o VII Encuentro de Teatro Achupallas, em Viña del Mar, Chile, juntamente com a Cia. Escarcéu de Teatro foi uma experiência importante. "Ir e participar de um importante encontro de teatro, fazendo a trilha sonora do espetáculo Ciganos, foi uma experiência enriquecedora, que nos incentiva a não pararmos em nossas pesquisas musicais", frisa Regina Casaforte.
Atualmente a banda também está fazendo apresentações em cidades do RN. "Portalegre e outras cidades como Natal são lugares que passamos sempre, levando nossa música. Na apresentação que fizemos no IFRN, na capital, tivemos uma ótima recepção ao nosso trabalho e, se Deus quiser, em outubro estaremos lá outra vez", comenta Regina.
Ela acrescenta que este momento sempre foi esperado pelo grupo. "Acho que a cada dia ampliamos nosso trabalho através das pesquisas, pois não podemos parar. Fazer aquilo que se gosta contribui para a evolução do trabalho musical", complementa.
Segundo ela, Mossoró tem dado "grande abertura para a banda". "Em Mossoró as portas se abriram mais. Fomos até o Chile com a Escarcéu e estamos viajando para outros lugares".
UM CD QUE VEM POR AÍ - Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas por uma banda alternativa, a Negantonho já planeja a gravação de um CD com cinco faixas, intitulado de Metade de Dez. "Estamos com o 'miolo' pronto para gravarmos. Acho que será um CD diferente, com poemas musicados", declara Regina. "Também tenho um sonho de gravar um CD com músicas de compositores do Rio Grande do Norte e eu vou realizar!", fala, empolgada.
Ela acredita que a música tem sido vista hoje com "outros olhos", no Estado. "Hoje a valorização da música é maior. Aqui em Natal já temos uma associação que pretende se expandir para Mossoró, cidade que é um reduto de artistas. Esta semana, conversando com alguns artistas, eles começam a sentir a diferença da cidade em termos culturais... No entanto, ainda precisamos de muito mais apoio, aberturas, para que as coisas aconteçam", salienta.
Já Mazinho Viana crê que iniciativas como o Corredor Cultural projetam o trabalho dos artistas e mostram novos talentos. "Esse é um projeto que não existe em outros lugares e marca um momento importante para a cidade, que vive mais antenada nos movimentos artísticos. Mossoró é uma referência nesse sentido. Aqui há bons artistas que mostram um trabalho muito interessante. Com o projeto apresentam suas músicas, seu talento e divulgam seu material. Nesse sentido, as coisas estão mudando, se aprimorando, se aperfeiçoando", destaca. "Para nós, da Banda Negantonho, se apresentar dentro do projeto tem sido importante, pois ele é uma janela interessante, onde pessoas que não nos conheciam passam a descobrir um trabalho de uma banda alternativa da cidade", salienta Mazinho.
Ele mesmo passou por grandes dificuldades quando resolveu sair pelo País à procura de trabalho e encontrou-se com a música. "O violão sempre me acompanhou por todos os lugares por onde andei... Procurei ouro no Amazonas e encontrei a música da natureza. Em Manaus tive contato com grandes músicos com os quais aprendi muito. Já em São Paulo, trabalhando numa loja de sapatos e roupas, nas horas vagas tocava violão para os demais amigos de loja e uma das moças que vendiam ali me disse: "siga sua carreira musical!". Isso foi uma espécie de injeção de ânimo e prossegui, montando, tempos depois, já na década de 90, o grupo Pau e Corda. Hoje, estamos aqui com a mesma empolgação", explica.
ORIGEM DA NEGANTONHO - De acordo com Mazinho, a Negantonho surgiu de um nome que pretende homenagear não apenas o cordelista Antonio Francisco, mas todos os "antonios" do País. "Foi a forma que encontramos para lembrarmos todos os "antonios", "josés", "raimundos", cada um em especial. Com a Negantonho homenageamos também o Brasil, formado de uma grande multidão de "antonios" que trabalham a cada dia no progresso da cultura e das artes em geral", diz.
A recepção à música alternativa, que faz releituras de importantes nomes do cenário, tem sido um estímulo à continuidade do trabalho. "Temos releituras de Zé Ramalho, Rita Ribeiro, Elba Ramalho, cantoras novas como Céu, Isaar, Mônica Salmado, Virgínia Rosa, Renata Rosa e Luciana Antunes, ótima cantora e compositora mineira que mora em Natal", explica Regina.
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