“A Dama da dramaturgia nordestina”. PARTE II
“A
Dama da dramaturgia nordestina”.
Maria de Lourdes Ramalho uma
dramaturga de primeira categoria, inspiradora e de muito apreço as tradições
judaica. Lembro-me como se fosse hoje, um sol escaldante e avassalador, já
não tinha a esperança de ter a oportunidade de conhecer Lourdes Ramalho naquela
semana, apesar de ta tão proximo e ao mesmo tempo tão longe, faltava-me o
tempo, e esse empecilho foi cruel demais pra mim, mas, como sertanejo que sou,
nunca perdi a esperança e numa quinta feira , uma súbita e repentina noticia de
ultima hora me tirava da escalação do elenco principal, as cenas da mini serie a pedra do reino tinha
sido adiadas por problemas técnicos, foi ai, sem pensar, tirando minhas roupas
quase de supetão corri para casa e num banho de gato pus-me a vesti-me rapidamente numa ansiedade incalculável, o que
me impediria agora? Maria de Lourdes Nunes Ramalho, parecia perto demais,
conhecê-la era questão de tempo, nem os 120 km que me separavam da cidade de
Taperoá/PB a Campina Grande/PB não seria empecilhos para mim , corri para Rodoviária
e ao chegar tive a noticia que me tirou
o chão, já não havia mais onibus na estação pra campina Grande só no outro dia
por volta das 11:00 horas da manhã, essa noticia sutil como uma bomba, pois no
outro dia teria que gravar as cenas que foram adiadas, mas não me detive e nem
me abati, corri para os carros de aluguel e foi assim alugando um carro que me
custou na época uns 190 reais cheguei
ate Campina Grande, com o endereço e o telefone na mão fomos ate a casa de
Maria de Lourdes Ramalho, lembro-me muito bem que estava muito nervoso pela expectativa
do encontro, o sol faiscava minha face, minha respiração ofegava muito e a fome
me corroia por dentro, mas nada iria me deter, quando bati na porta da casa de
Lourdes depois de ter feito 03 tentativas de acertos, a porta se abria e eis
que surge na minha frente a própria, Lourdes Ramalho apesar da idade de senhora
notava-se um vigor e uma alegria estonteante, na sua face, um sorriso
acolhedor, fiquei por um tempo pasmo e sem saber como começar a dialogar. Eram
tantas perguntas e questionamentos a respeito da obra daquela mulher extraordinária
que estava na minha frente e o mais impressionante, antes que pudesse falar
algo ela olhou pra mim e me convidou para almoçar, “É uma comidazinha simples,
mais bem nordestina, um jerimuzinho com arroz e uma carne de criação cozida” já
se aproximava das 13:00 horas e hesitei em aceitar o convite, quando ela me
levou a cozinha e ela própria me servia sem precisar dizer que seria uma
desfeita a recusa, não me fiz de orgulhoso e aceitei aquela suculenta e
apetitosa comida, um sabor caseiro de temperos que não sei porque, só
encontramos nas nossas casas, me lembrou muito o tempero da minha vó, pude
assim matar as saudades de casa, depois do almoço fomos para um quartinho e
tinha uma escrivaninha, nesse meio tempo e ainda na mesa me contava da historia
da sua família e como veio para campina grande fazendo da Paraíba sua terra, me
contou das tradições judaicas e as heranças deixada no nordeste desse povo
lutador, foi assim entre histórias e poesias que iniciamos nem sei como a nossa
conversa...conversei sobre suas obras em especial a do frei molambo e ela logo
me presenteou para minha surpresa não só a obra do frei molambo, mas sim toda a
coleção de livros e ainda me presenteou com uma dedicatória que guardo ate hoje
como um troféu, o mais importante foi aprender com ela a sabedoria de ser
humilde apesar de ser para mim uma grande autora e dramaturga , aprendi que
apesar dos feitos que o ser humano pode conseguir nada é mais rico que o poder
da humildade , ao falar de outros mestres com quem trabalhei falamos ainda uma
duas horas sobre Racine Santos e Ariano Suassuna, alias de Racine tenho uma
historia que falarei um pouco adiante, sobre a pedra do reino falamos de como
foi o preparativo da mini serie , do projeto em geral e ela ficou feliz por ter
na maior parte do elenco atores e atrizes de sangue nordestino. Foi assim o meu
primeiro contato com a dama do teatro Nordestino, esse encontro resultou no
futuro a realização da montagem do espetáculo frei molambo do qual fui
presenteado e honrado pelo grupo arruaça de teatro com o convite para
interpretar o frei molambo, estreamos em 2011, depois de quatro anos desse
encontro inenarrável mas que fiz questão de colocar aqui minhas simples e
humildes impressões daquele encontro...ate breve
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