Surpreenda-se com Luiz Fernando Carvalho, Ator e diretor.

Foto: internet

"Estou sempre a um passo do precipício: ou caio ou voo. Meus trabalhos se erguem na linha do risco, sempre parto de perguntas, de tentativas, não sigo fórmulas. Sou artista" - Luiz Fernando Carvalho, diretor

 Carvalho estudou arquitetura e letras. Gostando de desenhar desde criança, fez durante a adolescência trabalhos de desenho em jornais e revistas. Aos 18 anos fez seus primeiros trabalhos em cinema, ainda como estagiário. Pouco depois começou a trabalhar no núcleo Usina de teledramaturgia da Rede Globo de televisão, onde conheceu o diretor de fotografia Walter Carvalho com quem realizou diversos trabalhos desde então. Neste núcleo foi diretor assistente de diversas minisséries, como O Tempo e o Vento e Grande Sertão: Veredas. Em 1986, escreveu e dirigiu o curta metragem "A Espera", baseado no livro "Fragmentos de um Discurso Amoroso" de Roland Barthes. Esse filme recebeu os prêmios de Melhor Filme, melhor atriz (Marieta Severo) e melhor fotografia (Walter Carvalho) no Festival de Gramado, melhor curta metragem (Concha de Oro) no Festival de San Sebastian, Espanha e o Prêmio Especial do Juri no Festival de Ste Therèse, Canadá. Depois disso teve uma fase produtiva na televisão. Entre seus principais trabalhos desse período estão a minissérie "Riacho Doce"(1990), as novelas "Pedra sobre Pedra"(1992), "Renascer"(1993) e "O Rei do Gado"(1996) e os especiais "Os Homens Querem paz " (1991), Uma Mulher Vestida de Sol (1994)" e "A Farsa da Boa Preguiça" (1995). No final da década de 1990, conhece o romance "Lavoura Arcaica" de Raduan Nassar. Disposto a filmá-lo inicia o projeto de produção. Para isso realiza uma viagem ao Líbano para tomar conhecimento da cultura mediterrânea. Durante esta viagem realiza filmagens que resultaram no elogiado documentário "Que Teus Olhos Sejam Atendidos"(1998), co-produzido pelo canal de televisão GNT. Realiza então o seu primeiro longa metragem "Lavoura Arcaica"'(2001), também com fotografia de Walter Carvalho. No elenco estão Selton Mello, Raul Cortez,   Simone Spoladore e Juliana Carneiro da Cunha. Disposto a manter a máxima fidelidade ao revolucionário estilo narrativo de Raduan Nassar, decide fazer o filme sem roteiro prévio, apoiado inteiramente no texto do livro. Para isso realiza um intenso trabalho de preparação de atores que conviveram por quatro meses em uma fazenda. Após as filmagens, e depois de resolver problemas de financiamento, consegue finalizar seu filme, tendo sido ele mesmo o montador e editor de som. O filme fez sucesso de crítica e Carvalho foi muito elogiado como um dos mais importantes diretores de cinema do Brasil. Lavoura arcaica teve uma carreira bem sucedida em diversos festivais internacionais, tendo recebido mais de vinte prêmios. Em 2001, enquanto finalizava Lavoura arcaica, dirigiu a minissérie "Os Maias", baseada no romance homônimo de Eça de Queiroz. Em 2005 produziu a minissérie Hoje é dia de Maria, que foi comparado a Lavoura Arcaica por ter uma linguagem inovadora para uma minissérie de televisão. Em 2007, dirigiu a série A Pedra do Reino, exibida na TV Globo e baseada no "Romance d'a Pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta", de Ariano Suassuna. Com cinco episódios e cerca de quatro horas de duração, a série foi gravada na cidade de Taperoá, onde o escritor passou sua infância. Em 2008, dirigiu a minissérie Capitu, baseada na obra de Machado de Assis. E em 2010, dirigiu "Afinal, o Que Querem as Mulheres?"

Fonte de pesquisa: Wikipédia


Estética – encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo

Quem veio?
Luiz Fernando Carvalho, diretor de cinema e TV.

Por que veio?
Palestrar no seminário “Estética – encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo”. Exibiu cenas de Lavoura arcaica, Os Maias, Hoje é dia de Maria e em seguida mostrou trechos de obras literárias que serviram de base para esses trabalhos. Ao final, respondeu às muitas perguntas feitas pelos alunos.

Onde e quando foi?
Na PUC, 1º de março de 2007.

Melhores momentos de Luiz Fernando Carvalho

“A função do diretor é criar acontecimentos diante da câmera, para que depois ele filme.”

“A minha motivação no cinema é a passagem de um estado para outro. A cada instante preparar o espectador, como um pintor escolhe e mistura as suas cores, ou como um músico, ou como um pajé que reúne suas folhas para depois extrair delas um conjunto de sensações.”

“Além de fundar a narrativa, a linguagem é também um instrumento que, com o seu rigor, desorganiza um outro rigor, o das verdades pensadas como irremovíveis. Linguagem é a mesma coisa que necessidade.”

“O paradoxo de um filme reside no fato de só ser cinema no exato momento de seu começo, na tela ainda em branco. E permanece em branco quando nada ainda foi projetado na sua superfície. O que faz com que um filme seja cinema, que a linguagem visual de um filme seja cinema, é também uma espécie de ritual prévio que traça o espaço da consagração das imagens, e isso é justamente a imaginação. A imaginação precede a criação das imagens.”

“Tem um pensamento do Paul Valéry que eu acho maravilhoso, que é: como apreender emoções sem o tédio da comunicação? É isso que me interessa!”

“Depois que você atinge um conhecimento e uma segurança da gramática cinematográfica, você consegue perceber um pouco mais a função, a dramaturgia, e, principalmente, a emoção de cada lente. Você começa a se soltar e a se oferecer a esse olho, ele passa a ser um prolongamento seu.”

“O artista trabalha no imponderável, numa zona de mistério e de queda o empo inteiro, ele está sempre morrendo e nascendo. Eu sei que cada obra vai exigir isso de mim, que eu morra e nasça dentro dela mesma, para escobrir como contá-la.”

“Eu não me preocupo com ibope. Tenho que pensar numa força maior do que isso, que se chama comunicação. Então, quando eu estou trabalhando, estou sempre tentando chegar à essência dela, na minha essência. Eu me exponho muito nos meus trabalhos, eles falam por mim de uma forma muito melhor. Então quando eu faço o processo de busca para um trabalho, que é como uma escavação, eu procuro saber se eu estou conseguindo passar primeiro para mim e por mim aquela informação, aquele sentido, aquele signo, aquele sinal.”

“O Brasil é múltiplo, multifacetado e imenso, todo mundo sabe. O que é um bom tempo pra você em termos atmosféricos, aqui no Rio, é um péssimo tempo para o sertanejo. O sertanejo abre a janela, vê as nuvens carregadas, o céu pesado, e fala: ‘Que lindo dia!’”

 “O mundo moderno exige de você respostas imediatas e objetivas para tudo, está sempre cobrando de você um produto acabado, pronto. Que não reste mais nenhuma dúvida sobre aquilo. Mas o artista sempre lida muito com a dúvida, isso é uma grande contradição.”

 “Um romance entre aspas, inacabado, em aberto, assim é ‘A pedra do reino’. Quando nós fomos para Taperoá, nos retiramos na fazenda de Ariano pra trabalhar a adaptação. E quando Ariano chegou pra trabalhar com a gente, ele talvez tenha começado a se sentir estimulado para voltar a mexer no livro. O que foi emocionante, porque era um escritor que estava voltando à sua obra 40 anos depois de tê-la ‘terminado’.”

(Bráulio Tavares, roteirista): “Uma coisa engraçada sobre ‘A pedra do reino’ é que todo mundo que pega o romance olha pra ele e diz: ‘Ave Maria! É isso tudo?’ E eu respondo: ‘Você não está vendo nada, isso aí é só a ponta do iceberg!”

 “O ator é um criador, e não um repetidor. É o primeiro elemento vivo, animado, na frente da lente. Há outros elementos, mas ele é o mais potencializado, rico. Então não tem como eu entrar numa situação de set e não enfatizar isso. A atuação é um acontecimento diante da câmera, de ordem espiritual, é um oficio sagrado. O meu set de filmagem é um centro de macumba danado.”

 “Na verdade existem vários sertões, e cada autor o representa de uma forma. O sertão de Ariano é ligado à fantasia e ao imaginário, diferente do de Graciliano Ramos, por exemplo. Basta comparar a linguagem e a forma como cada um escreve suas narrativas. Na verdade, o que a gente está querendo dizer aqui é o seguinte: é um homem, um criador chamado Ariano Suassuna, que não pára de imaginar nunca e está completando 80 anos de imaginação, por isso suas obras nunca se fecham. Quando ele chega no fim, ele questiona ‘mas... e se...’, e aí já vem uma outra idéia para um outro livro.”

 “Eu trabalho sempre a partir da tela em branco. Eu vou tentar provocar acontecimentos diante da câmera, pra que eu possa ter uma razão de filmar. Eu estou ali me oferendando. E quero que meu grupo também esteja nesse processo de oferenda. E se eu estou contando também com a busca deles, eu não posso trazer um retrato pronto do que eu vejo. Até porque eu não acredito muito nos meus retratos prontos.”

“Eu trabalho muito com a dúvida, acho a dúvida uma coisa fundamental. Eu improviso muito, o tempo inteiro. O processo de preparação de atores é a partir do improviso, o processo nos ateliês é a partir do improviso, é muito improviso para que a gente se desconstrua um pouco dessa meia dúzia de regrinhas que regem o mercado – o que é bonito, o que é feio, o que é bom. Então eu peço que todos errem, que não tenham medo de errar, para que a partir daí a gente encontre alguma coisa.”


Estética – encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo / Fonte: Portal puc rio digital
Por :Fernanda Ralile - Do Portal
26/10/2007

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