Uma semana de teatro


Com casa lotada praticamente todos os dias, Festuern termina hoje.


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 “A pose da foto", diz uma criança, pronta para entrar no palco, quando o fotógrafo se aproxima. Ela sorri. Junta-se às colegas e se posiciona. "Nunca imaginei estar em um palco grande assim", fala uma delas, meio envergonhada, quando perguntamos sobre "quem quer falar com a reportagem". 
O grupo é da Escola Walfredo Gurgel, da cidade de Alto do Rodrigues, interior do Estado, e veio apresentar a peça infantil "O Casamento da Onça com o Bode" na tarde de quinta-feira, 10. "É uma sensação muito boa participar, interagir e conhecer o teatro", diz a estudante Talita da Silva. "Ensaiamos esta peça quase um ano", fala a atriz-mirim.
Para ela, até o rendimento escolar melhorou depois da interação com os colegas de escola. "Estou me sentindo melhor com o teatro... Para nós, que estamos aqui pela primeira vez, a emoção também é grande", destaca, sorrindo.  
Os atores se dedicam ao máximo. A ideia é ficar entre os cinco grupos selecionados para o circuito, que será realizado pós-festival. É uma concorrência saudável, que ajudará outras escolas a também entrarem no circuito. 

Isso ajuda a lotar a casa. Desde o dia 6, o Teatro Municipal Dix-huit Rosado tem estado cheio. Há espetáculos que levam cerca de 600 estudantes para o auditório, outros que chegam a lotar completamente, com a capacidade máxima da casa: 750 lugares e umas cadeiras a mais. Cada entrada é 1 Kg de alimento não perecível, que será doado a entidades filantrópicas. 

Segundo o coordenador do VIII Festival de Teatro da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FESTUERN), Adalberto Veronese, cerca de 600 estudantes participam das sessões. "A cada apresentação, temos um bom público, que prestigia a escola no palco. As peças levam cerca de 20 atores na encenação e 40 minutos de apresentação. É um bom tempo. Depois de cada peça, num intervalo de cerca de 20 minutos, apresentamos curtas-metragens e mostramos um pouco da história do Festival", salienta o coordenador, destacando que as escolas tem correspondido aos espetáculos. "Foi de fundamental importância a divulgação da mídia e também a participação dos estudantes, colaborando com a iniciativa, seja encenando ou ficando na plateia, para conferir o espetáculo de sua escola", frisa. 
25 escolas estão participando juntamente com 5 grupos universitários do campus central, Assu e Pau dos Ferros. "A contribuição que a Uern oferece à sociedade diz respeito, também, ao aspecto educacional. Acreditamos que através do teatro, da proposta arte-educadora, contribuímos com a formação do cidadão. Este é o grande objetivo do Festuern: oferecer condições para que os alunos possam apresentar trabalhos que envolvam o seu cotidiano escolar e, de alguma forma, ajudem na sua formação educacional", salienta.

O professor ressalta que todas as escolas e grupos universitários que estão participando do Festuern receberão troféus e certificados. A comissão julgadora selecionará cinco espetáculos para o Circuito Festuern passando pelas escolas que não tem acesso ao teatro. "É uma forma de pluralizar a arte... Este circuito teatral, com os cinco grupos selecionados, ajudará outros estudantes. Cinco escolas serão visitadas dentro do circuito. Eles terão uma ajuda de custo para preparar os espetáculos", diz.  Para ele, o Festival também tem contribuído na descoberta de novos talentos teatrais. "Existem bons atores, crianças e jovens que se dedicam às peças. Isto possibilita que outros nomes na área teatral apareçam. Além de ser fundamental para o processo cultural da cidade. Posso citar, por exemplo, o caso de Jeyzon Leonardo, fruto do nosso Festuern. Hoje, temos garotos e garotas mostrando muito talento para o teatro. Muitas pessoas, também, da Cia. Escarcéu passaram pelo Festuern", explica, destacando que os estudantes terminam o período escolar e continuam participando do teatro, formando peças e grupos. "Isto é importante porque eles não param, continuam apresentando, desenvolvendo o gosto pela arte", comenta.
 
'JÁ ESTAMOS PENSANDO NA  PRÓXIMA EDIÇÃO'

O professor Adalberto Veronese está empolgado com o Festival. "Já estamos pensando na próxima edição... e tenho novidades, mas não posso adiantar. É surpresa. Está fechada a sete chaves. Se eu disser, os meus coordenadores vão me puxar os cabelos", brinca o educador, que se diz feliz em "participar do evento, interagindo com os jovens atores e tendo uma experiência diferente".

Veronese salienta que o apoio da mídia, da própria Uern e da Petrobras tem sido fundamental. "A grande patrocinadora do nosso festival tem sido a Petrobras, com investimento na ordem de 120 mil reais. O Festuern vai crescer cada vez mais e precisaremos ampliar", destaca Adalberto, mostrando que a ideia é expandir a iniciativa. "Os números estão bons e as apresentações foram bastante concorridas. Isto mostra que o festival agrada em todos os sentidos", comenta, ressaltando a importância da participação da Uern, através de suas pró-reitorias.

JUSSARA QUEIROZ, HOMENAGEADA DA EDIÇÃO
Com o tema "Cinema: a arte de reciclar ideias", a VIII edição do Festuern homenageou a cineasta potiguar Jussara Queiroz, que participou da cerimônia de abertura, domingo passado, 6. "Ela esteve apenas no domingo, mas sua participação foi emocionante para todos nós. Jussara é um exemplo de superação. Teve encefalite e possui algumas limitações. Não fala, mas cumprimenta... Com todas as limitações, ela anda com uma câmera, registrando tudo. Um exemplo emocionante", fala Adalberto. "Quando ela entrou no teatro, achou o local bonito e filmou. Ubiratan Queiroz, irmão de Jussara, que veio com ela durante a homenagem, falou da alegria da irmã. Isso nos deixou muito felizes", complementa. Segundo Veronese, Jussara Queiroz foi escolhida para receber a homenagem por sua contribuição à arte cinematográfica do Estado. "Ela deu importante contribuição ao cinema no RN. Jussara construiu uma carreira bela, com temáticas voltadas para a preservação da natureza", finaliza.

Fonte: Jornal Gazeta do Oeste / Postado em 12/05/2012 às 13:43 horas por Maxwell na sessão Cultura

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