Raimundo Soares de Brito: O brilho da cultura potiguar em toda intensidade
Raimundo Soares de Brito / Foto : Internet. |
(*) José Romero
Araújo Cardoso
Raimundo Soares de Brito sintetiza e
personifica um dos mais luminosos pontos da cultura norte-riograndenese, pois
com esforço e obstinação vem contribuindo formidavelmente para o enriquecimento
das letras e da preservação da memória em território potiguar.
Nascido na bela terra das
caraubeiras, fundada pelo General-Mór Souza Falcão, pernambucano que colonizouo
chão , no dia 23 de abril de 1920, nosso
mestre completou recentemente 90anos de fértil existência.
A hemeroteca que estruturou é um dos
mais importantes repositórios de informações sobre o Estado do rio grande do
Norte, pois ávido colecionador de velhos jornais, velhos alfarrábios e tudo que
tem letras e números, Rai Brito impressiona pelo amor ao saber e pelo
desprendimento, pelo desinteresse em servir a quantos que o procura para
pesquisas, consultas ou informações referentes a tudo que envolve o Rio Grande
do Norte, mas sobretudo Mossoró e região oeste.
Escritor de raros dotes, Raimundo
Soares de Brito escreveu importantes trabalhos enfocando da indústria e do
comércio na região a tratado memorialístico fantástico que preserva figuras
populares fascinantes com as quais conviveu. O livro por título “Eu, ego e os
outros”, publicado pela Editora Queima-Bucha, consiste no reconhecimento do
grande intelectual potiguar à importância da maioria dos personagens simples e
humildes da nossa terra. Se não fosse Raimundo Soares de Brito, pessoas como
Mané Cachimbinho, Pata Choca, etc., tinham caído no esquecimento completo.
A geografia e a história mossoroenses
foram enriquecidas com a publicação dos volumes do Dicionário de ruas e
patronos, frutos da obstinação e da perspicácia de Raimundo Soares de Brito.
Talvez um dos mais marcantes
trabalhos de Raimundo Soares de Brito seja “Nas garras de Lampião”, publicado
pela Coleção Mossoroense da Fundação Vingt-un Rosado. Esmiuçando o diário do
“Coronel” Antônio Gurgel, prisioneiro do bando de Lampião em 1927, Rai Brito
legou-nos interessantes notas históricas sobre espaço e tempo das agruras
vividas pelo bravo sertanejo que viveu indesejado drama antes e após o
frustrado ataque bandoleiro a Mossoró.
Amigo pessoal de Raimundo Soares de Brito,
sempre contestei a “mania exagerada de perfeição” que acompanha imemorialmente
o grande mestre. Exemplo disso encontra-se na relutância em publicar fabuloso
trabalho memorialístico sobre o “Coronel” Quinca Saldanha, chefe político de
Caraúbas (RN) que em um passado remoto, inexplicavelmente, atendeu aos apelos
da Aliança Liberal e cerrou fileiras com o governo de João Pessoa no Estado da
Paraíba, enviando, inclusive, jagunços para lutar ao lado das tropas legalistas
em Tavares (PB), quando da guerra civil de Princesa em 1930.
Raimundo Soares de Brito é referência
quando o assunto envolve o âmbito cultural no Estado do Rio Grande do Norte,
pois com dedicação ímpar tornou-se uma das maiores autoridades das letras na
região, razão pela qual a universidade do Estado do Rio Grande do Norte não
titubeou em conceder-lhe título de Doutor Honoris Causa.
Por : (*) José Romero Araújo
Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto da UERN. Mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente.
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