Destaque para o Áudio Visual em Mossoró.


Produção audiovisual de Mossoró se destaca

Foto: Alcivan Costa
Marbenes Maia foi responsável pelo curta "Patria Armada"
Motivados pelo interesse em registrar cenas e fatos do cotidiano, criar histórias e recontar episódios que marcaram épocas, profissionais independentes e estudantes têm impulsionado a produção audiovisual em Mossoró. Apesar das dificuldades encontradas pelos produtores, os trabalhos desenvolvidos na cidade têm agradado o público e alcançado reconhecimento, inclusive, em nível nacional. O média-metragem ‘Cordelíricas Nordestinas’, por exemplo, foi contemplado com o prêmio nacional ‘Patativa do Assaré. Produzido pela jornalista Edileusa Martins, que integra o coletivo ‘Caminhos, Comunicação e Cultura’, o média, que conta com 50 minutos de duração, será exibido em Mossoró no próximo dia 27.

A jornalista observa que, desde algum tempo, a produção audiovisual vem se mantendo constante. Aproximadamente, 90% do que é desenvolvido na cidade diz respeito a documentários, enquanto os outros 10% estão relacionados à ficção. Boa parte desses trabalhos é originada, através do curso de Comunicação Social, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Na graduação são produzidos cerca de dois a quatro documentários por semestre, como conta Edileusa Martins, que também é técnica do Departamento de Comunicação (DECOM) da Uern.

As iniciativas desenvolvidas através do curso também recebem reconhecimento, como ocorreu com o documentário ‘Pátria Armada’, de responsabilidade da graduada em Rádio e TV, Marbenes Maia. O curta é fruto de um trabalho que durou quase seis meses e contou com a participação, direta, de cinco pessoas, mas que teve a colaboração de muitos envolvidos, como informa Marbenes Maia, que à época era acadêmica. Outro trabalho destacado por Edileusa Martins, que acredita que a produção ainda será premiada, é o curta ‘São Rafael, águas do passado que movem moinhos’, produzido como trabalho de conclusão de curso de três estudantes de graduação em Comunicação Social, com habilitação em Rádio e TV. O vídeo tem duração de 28 minutos e conta a história de pessoas que vivenciaram a época da construção da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves e que tiveram parte de suas vidas engolida pelas águas que inundaram a cidade de São Rafael. Fora isso, algumas iniciativas de produtores independentes de Mossoró mesclam ficção e documentário. Nesse sentido, um dos destaques é para ‘9’, ficção produzida pelo funcionário da TV Cabo Mossoró (TCM), Pedro Henrique. 

Outro destaque é a TV Buraco, idealizada por Wigna Ribeiro. Há dois anos ela deu início a TV Buraco, formada por um grupo fixo de seis amigos que, ocasionalmente, contam com a participação de atores colaboradores. Os vídeos de ficção são exibidos no canal grupo no You Tube (www.youtube/buracotv).

Antes, só os amigos visualizam os vídeos, agora, com novo projeto, a produção melhorou e a visibilidade também. Wigna Ribeiro menciona que, com o passar do tempo, a produção se intensificou e amadureceu e hoje ela já recebe cobranças sobre a disponibilidade de novos trabalhos. A exemplo do coletivo ‘Caminhos, Comunicação e Cultura’, formado por profissionais que se reúnem para produzir e agem como verdadeiros caçadores de editais, essas são iniciativas de grupos independentes, sem patrocínio do poder público ou do setor privado. Para Edileusa Martins, o poder público e a iniciativa privada precisam ser, cada vez mais, provocados. Segundo ela, o município tem incentivado a produção, mas o que se investe ainda é pouco, quando comparado aos incentivos destinados ao teatro, à dança e à música. Com intuito de divulgar e incentivar a produção audiovisual ela juntamente com a professora do curso de Comunicação Social, Ana Lúcia Gomes, lutaram e foram bem-sucedidas na iniciativa de implantar um núcleo de artes visuais, que reunirá trabalhos nas áreas de fotografia, artes plásticas e produção audiovisual, na Escola de artes.

Edileusa Martins considera que ainda não existe uma metodologia que enxergue a produção audiovisual como um campo de trabalho, como uma alternativa. Somente quando o poder público observar essa potencialidade é que a atividade poderá gerar renda. “É, sim, uma atividade que pode gerar emprego e renda para uma categoria especializada”, comenta.

“Nós temos futuro, sim. A gente produz, talentos não faltam, histórias para contar não faltam”, resume a produtora.

Marbenes Maia conhece as dificuldades da falta de recursos. “A gente faz muito por gostar e com recursos próprios”, afirma. No seu caso, os esforços foram recompensados com o recebimento do prêmio. “É o tipo de coisa que você não acredita. Você faz porque você gosta mesmo”, acrescenta. Wigna Ribeiro também sabe quais os desafios impostos pela falta de apoio. “Quem paga sou eu mesma e eu faço porque eu gosto”, conta. Para Marbenes Maia, mesmo com as dificuldades, a evolução na produção também é visível e, nesse sentido, o curso de Comunicação Social funcionou como um verdadeiro divisor de eras. Edileusa Martins considera que Mossoró não deixa a desejar a nenhuma cidade do Rio Grande do Norte, quando o assunto é produção audiovisual.

Fonte: Gazetadooeste.com.br

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