A tirinêt promove o workshop de teatro com o ator JB. confira a entrevista dele no O mossoroense.
Entrevista:
João Batista Oliveira
Publicado em 08 de Junho de 2014 : por Redação
João Batista Oliveira Nascido João Batista Oliveira, JB Oliveira é um ator mossoroense que possui carreira consolidada há 9 anos no teatro de São Paulo. Cada vez mais reconhecido no cinema nacional, JB acumula passagens pelos filmes Serra Pelada e Lampião.
Voltando à terra natal, JB promove nesta semana um workshop onde compartilhará um pouco das suas experiências com os jovens artistas da cidade. Na entrevista do Universo, ele ainda fala sobre a vida na capital paulista, o passado humilde e a situação da arte em Mossoró. Confira
O Mossoroense: JB Oliveira, o que o levou a se tornar ator, ainda em Mossoró?
JB Oliveira: Eu tinha 13 anos e estudava na escola das irmãs aqui, e lá participei de algumas quadrilhas matutas, onde texto e dança eram ensinados, e isso sempre me chamou a atenção. Eu comecei a estudar teatro, por meio de oficinas em Mossoró.
OM: Quem são as pessoas que te influenciaram, que te incentivaram a fazer teatro no início de sua carreira?
JBO: Aqui em Mossoró existem grandes mestres do teatro que eu sempre faço questão de ressaltar. Lembro de Marcos Leonardo, que foi meu primeiro professor em uma oficina no Teatro Lauro Monte Filho. Lembro também de Kleber Godoy, Cléber Pinheiro, Nonato Santos e Lenine Souza, da Cia. Escarcéu de Teatro, que foi uma grande escola para mim. Sempre admirei Dionízio do Apodi, Américo Oliveira. Eu desejo vida longa a todos.
OM: Você começou sua carreira na Cia. Escarcéu de Teatro. Tem acompanhado o trabalho deles, o que eles têm desenvolvido na cidade.
JBO: Tenho acompanhado bem menos do que gostaria. Por conta da correria de São Paulo não tenho tanto tempo de acompanhar de perto o trabalho deles. Mas conheço o espetáculo Ciganos, que é da Cia., conheço a luta de todos os artistas. Admiro e agradeço bastante a esses atores.
OM: Você já vive em São Paulo há 9 anos. Como foi o início em uma cidade completamente desconhecida?
JBO: Eu cheguei a São Paulo primeiramente para passar três meses, ao lado do meu irmão, que não é irmão de sangue, mas sim de parceria, Israel Araújo, também ator. Chegamos para fazer um curso de cinema, de teatro bem rápido, e acabamos ficando 9 anos. O começo foi muito difícil, pois eu cheguei lá já morando em uma favela, mas com muita luta tudo deu certo.
OM: Você era um menino vindo de comunidade carente que entrou no mundo da arte, posteriormente um nordestino que buscou espaço na cena artística paulistana. Alguma vez sentiu preconceito?
JBO: Não, felizmente, nunca senti. Eu sempre estive no meio cultural, em Mossoró e em São Paulo, e a mente das pessoas que compõem estes espaços é muito aberta, por isso nunca me senti mal por ser pobre ou nordestino. Pelo contrário, os artistas de São Paulo acham que o Nordeste tem uma bela safra de atrizes e atores.
OM: Você está no elenco do filme Lampião, e recentemente participou do longa Serra Pelada. Nas oportunidades, você atuou com nomes renomados do cenário nacional como Wagner Moura. Como foi essas experiências?
JBO: Foi incrível. Eu sou muito fã do que Wagner Moura faz profissionalmente, assisto muito as suas entrevistas e inclusive concordo com muitos posicionamentos dele. Fiz um teste para o filme Serra Pelada, e não fui aprovado porque o longa seria rodado no Pará, e a produção teria pouca verba para atores, posteriormente a isso fui fazer teste para o filme Lampião. Um certo dia recebi uma ligação dos produtores de Serra Pelada, me pedindo para compor o elenco do filme, que agora seria rodado na cidade de Paulínia, em São Paulo. Eu adorei a notícia e participei de três dias de gravação com Matheus Nachtergaele, Juliano Cazarré, Sophie Charllote e grandes atores. O Wagner, coincidentemente não estava lá, mas nos encontramos nas pré-estreias do filme, onde pude conversar com o cara e ver que além de grande ator ele é um ser humano muito humilde, conhece Mossoró, conhece a cidade está sempre me incentivando. Depois do filme Serra Pelada fiz grande amizade com ele.
OM: Você está em Mossoró para organizar um workshop. Qual é o objetivo desse novo trabalho?
JBO: O workshop tem como objetivo pegar minha experiência na tevê ( seriados na Rede Bandeirantes, Novela Ribeirão do Tempo e trabalhos no cinema) e compartilhar com meus colegas de Mossoró, colocando meu conhecimento no cenário do teatro paulistano, que me ofereceu grandes oportunidades e bagagem, à disposição dos atores locais. Decidi oferecer essa oficina, quando ao visitar minha família, que mora em Mossoró, vi que poderia abrir uma luz para jovens artistas mossoroenses que sonham em conseguir um espaço de destaque na cena de arte do país.
OM: Você acha que essa oficina poderá servir de apoio na formação de jovens atores, que no futuro estarão nos palcos mossoroenses?
JBO: Sim, vai. Eu tenho certeza que essa nova safra, que fará a oficina vai ver um colega, um conterrâneo, que está batalhando, que está conseguindo alguns trabalhos, e isso vai abrir uma luz, porque dará a esperança a esses jovens de que eles podem conseguir também. Mossoró é muito bom, mas no meio da arte é limitada, por isso acho que a oficina será uma boa oportunidade.
OM: Mossoró viveu recentemente um momento fervoroso e polêmico em seu cenário cultural. Artistas da cidade se levantaram em protesto contra a forma como o espetáculo “Chuva de Bala...” vinha sendo realizado, provocando um importante debate à respeito da democratização da arte. Como você enxerga isso tudo?
JBO: Todos os meus amigos de Mossoró fazem parte do Movimento Ventania (que protestou contra o atual modelo do “Chuva de Bala...”), eu estou um pouco distante, mas mesmo assim o que vejo é que esses artistas querem a cultura de Mossoró de volta, a cultura aqui está muito pobre. Eu fiquei muito triste em ver o Lauro Monte Filho da maneira em que está, aberto. Eu sou cria desse teatro. É muito triste ver que um espetáculo como o “Chuva de Bala...” virou moeda de mercado. O movimento cultural de Mossoró não era desse jeito, e o “Ventania” está tentando resgatar o que já se teve de melhor no cenário de cultura da cidade. Acho que os artistas de Mossoró não devem ser só participantes do espetáculo, mas responsáveis por sua construção como um todo.
Por : Cláudio Palheta Jr. - Editor do Universo
Comentários
Postar um comentário