"Gestão mais técnica"
Rodrigo Bico quer ‘gestão mais técnica’ para FJA
Ator, produtor cultural e um dos articuladores da rede de Pontos de Cultura no RN, Rodrigo Bico foi confirmado pelo governador eleito Robinson Faria como o novo presidente da Fundação José Augusto. Aos 27 anos, Rodrigo César Souza de Macedo é o mais jovem gestor a ocupar o posto máximo da instituição responsável pela condução das políticas públicas para a Cultura no Estado. Nome indicado pelo PT, Bico tem pela frente um cabedal de desafios que se arrastam há décadas, como a falta de orçamento e a necessidade de colocar para funcionar uma máquina inchada que conta com um quadro funcional superior ao do Ministério da Cultura. Ainda esta semana ele irá se reunir com Isaura Rosado, atual titular da Fundação, para saber detalhes e situação em que se encontra a autarquia.
Foto : Acervo Pessoal
Aos 27 anos, Rodrigo César Souza de Macedo, conhecido no meio artístico como Rodrigo Bico, será o mais jovem gestor a ocupar o posto máximo da instituição responsável pela condução das políticas públicas para a Cultura no Estado
O futuro presidente da FJA, que toma posse no início do mês de janeiro, declarou ter entre suas metas “garantir mais de 1% do orçamento estadual” para o segmento cultural e formatar “uma equipe de assessores com perfil técnico”. Apesar de Bico não ter citado nomes que poderão compor sua equipe na entrevista concedida à TRIBUNA DO NORTE, ele chegou a declarar publicamente ter convidado Ricardo Buiú, Josenilton Tavares e Messias Domingues para ocupar algumas áreas, e o jornalista Rafael Duarte para o cargo de assessor de imprensa. Também se disse “surpreso” com a divulgação do nome do jornalista Toinho Silveira para a direção do Teatro Alberto Maranhão: “Espero sinceramente que a futura direção do TAM esteja atrelada a linha de trabalho que adotaremos, pois entendemos que o teatro é extremamente importante como um espaço aberto ao artista”.
Confira a entrevista que Rodrigo Bico concedeu por e-mail ao VIVER logo após seu nome ter sido confirmado para a FJA:
A pressão aumenta com o fato de você ser o mais jovem presidente a assumir a direção da Fundação José Augusto?
RB: É normal que qualquer gestor público seja pressionado por um ou outro motivo, e acho natural que as pessoas queiram achar alguma fragilidade em mim por causa da minha pouca idade. Tenho certeza que montaremos uma equipe experiente e de muita qualidade.
Quais as prioridades de sua gestão?
A prioridade é colocar a Cultura como pauta importante do Governo do RN. A partir disso conseguiremos, ainda em 2015, aprovar marcos legais importantes como o Plano Estadual de Cultura, criação da Secretaria Estadual de Cultura, do Conselho de Políticas Culturais e ainda lutaremos pela vinculação mínima de pelo menos 1% do Orçamento do Estado para a Cultura – e chegando até 1,5% ao final dos 4 anos dessa gestão. Sabemos das dificuldades financeiras do Estado e vamos nos adequando a tal situação.
Alguma iniciativa da gestão Isaura Rosado que você e sua equipe darão continuidade?
Nessa gestão foi criado o Fundo Estadual de Cultura, mas utilizado de maneira deficitária; foi criado o Plano Estadual de Cultura, mas não foi aprovado na Assembleia. Teve uma política de publicação de livros que precisa de maior atenção. A Pinacoteca teve, mesmo com pouco recursos, uma ação de destaque. Não teremos problema algum de dar continuidade às boas ações, mas precisamos avançar muito para chegarmos a um patamar ideal de gestão.
Qual a possibilidade de ser criada uma Secretaria Estadual de Cultura que não seja Extraordinária?
Uma das primeiras ações do governador será de extinguir o cargo de secretária Extraordinária, e retomar o poder e protagonismo da FJA. Esperamos que até o fim do ano saia a Reforma Administrativa, onde já nos foi garantido que a Secretaria de Cultura será criada. As possibilidades são reais e iminentes.
Como fica a rede de Pontos de Cultura no RN: será reforçada, ampliada? As parcelas estão todas quitadas?
Iremos fazer uma força tarefa para destravar a 3ª parcela dos Pontos de Cultura junto ao MinC e esperamos até março poder realizar esse repasse, encerrar o convênio e fazer novas parcerias com o Ministério da Cultura para criar novos Pontos. Com a aprovação e regulamentação da lei Cultura Viva queremos fazer do RN um estado de referência Nacional na gestão da rede de Pontos de Cultura.
Revista Preá segue na pauta da FJA?
Já se passaram três gestores pela Fundação José Augusto e a Preá nunca saiu da pauta de prioridades, nosso desafio será organizar a periodicidade de sua publicação.
E os antigos editais (Audiovisual e HQ) ainda da gestão Crispiniano Neto, serão enfim, pagos?
Essa é uma pergunta que já começa a ser feita por diversos atores do Movimento Cultural: se conseguirmos viabilidade jurídica e financeira para realizar o pagamento dessas premiações, faremos de acordo com as necessidades. Sei que alguns premiados já estão tentando receber o repasse pelas vias jurídicas, então será necessário fazer um levantamento minucioso antes de tomar qualquer atitude sobre esse tema.
Pensa em reformular a utilização do Fundo de Cultura?
Precisamos de um edital exclusivo para o Fundo Estadual de Cultura, melhorar sua execução financeira. Se necessário for, iremos estudar os detalhes da lei do FEC para fazermos as devidas adequações para realidade atual.
RN Criativo será retomado? Qual o destino do bureau?
A situação do RN Criativo é bem triste e complicada, em poucos meses a equipe assessorou diversos projetos que foram aprovados em editais municipais e federais, realizou cursos e palestras, mas infelizmente não foi colocado na pauta de prioridades da atual gestão.
Pode adiantar parte de sua equipe?
É difícil apresentar nomes nesse momento, depende da disponibilidade de cada um. Estou conversando com algumas pessoas e principalmente com os quadros do Partido dos Trabalhadores.
EQUIPAMENTOS
Sobre os equipamentos culturais vinculados à FJA, o futuro gestor comentou, a pedido do Viver:
Teatro Alberto Maranhão: temos que criar uma política de utilização do TAM por parte do artista potiguar para esse breve período que antecederá o seu fechamento (restauração com recursos de R$ 14 milhões do PAC Cidades Históricas), e pensar a utilização de sua parte externa durante as obras.
Museu da Rampa (obra da pasta de Turismo que terá gestão da FJA quando estiver pronto): o museu será importantíssimo para contar a história de um período fundamental para nosso Estado. Trataremos com carinho desse equipamento. Enquanto não fica pronto, acompanharemos as obras e tomaremos as atitudes necessárias e de nossa competência para contribuir com sua conclusão.
Museu Café Filho (fechado desde 2009): ainda não temos detalhes das condições do museu, sabemos que está fechado e iremos realizar visitas técnicas a fim de dar condições pra que ele volte a funcionar.
Biblioteca Câmara Cascudo (reforma parada): é nossa prioridade reabrir a Biblioteca e devolver para a sociedade, buscaremos parceria direta com a Secretaria de Educação.
Orquestra Sinfônica: uma de nossas primeiras ações será se reunir com os músicos para chegarmos a uma solução dos problemas que existem hoje por lá.
Memorial Câmara Cascudo: está funcionando, o que precisamos é dar maior visibilidade.
Pinacoteca do Estado: se destacou neste último ano, porém as condições dadas aos artistas não são as ideais, o prédio precisa passar por uma boa adequação para receber exposições nacionais e internacionais.
Casas de Cultura: gestão compartilhada com a participação efetiva dos agentes culturais. Avaliaremos as condições de cada Casa pra podermos requalificar os espaços.
Yuno Silva / Repórter
Fonte: Tribuna do norte
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