Um ser politizado!

Pela definição do dicionário, politizado é um adjetivo e o conceito é “que passou por um processo de politização”. Politização é o ato ou efeito de politizar. E o que é politizar? É fazer alguém ou a si mesmo capaz de compreender a importância do pensamento e da ação política; dar ou adquirir consciência dos deveres e dos direitos de cidadão.

Na minha opinião, milhares de cidadãos brasileiros não são politizados. A causa disso é cultural e histórica. Não vamos nos tornar politizados de uma hora para outra. A consciência é um sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior.

Com esse conceito, afirmo que adquirir consciência é um processo longo. A formação de nossas convicções, valores e discernimento sobre os diferentes aspectos da vida de acordo com o mundo interior de cada um é um processo que envolve a criação na família, a frequência na escola, a identidade nos grupos sociais (isso inclui círculo de amigos e a rua e o bairro onde se vive), o trabalho, a frequência na universidade entre outros.

Ora, então ter consciência dos direitos e deveres como cidadão é, também, muito difícil no Brasil, pois falta educação, falta emprego e outras condições básicas e mínimas de sobrevivência. E daí é porque acho que milhares ou milhões de brasileiros não são politizados.

A minha ideia de politizado não tem nenhuma relação com ser partidário, pois entendo que podemos ser politizados sem ser partidários, mas temos que compreender como o sistema funciona e saber qual a função dos partidos políticos.

Não tenho a visão pessimista que muito tenho ouvido se proliferar nesses dias de manifestações pelo Brasil afora “o povo vai pra rua e nem sabe o que estão protestando”. É a visão pessimista que não me toma e nem me assombra, pois acredito que essa mobilização geral será o primeiro passo para que o indivíduo descubra uma nova via de adquirir consciência já que as instituições estão falidas ou são ausentes. Na rua, em consciência coletiva.

Conheço também muitas pessoas que têm atitudes que vão contra a formação da consciência coletiva e trocam seu voto por favores pessoais.

Essa é a atual lógica do sistema e a lógica vista de baixo, de quem gera a impunidade a corrupção de cima e ironicamente é a que pretendemos combater com as idas às ruas.

As reformas política e tributária são essenciais e urgentes, em minha opinião, assim como a educacional, afinal como se gritou muito nas ruas aqui em Vitória “Alô Brasil, vamô acordar, o professor vale mais que o Neymar!”

Se a gente não começar a pensar e entender que um deputado como o Feliciano não pode ocupar um cargo de liderança numa Comissão de Direitos Humanos levantando a bandeira religiosa porque o estado é laico, vamos continuar usando nossa maior ferramenta, o voto, de modo ineficaz. Questões morais e religiosas ajudam a formar nossa identidade, mas não podem se sobrepor aos direitos coletivos e fundamentais dos outros.

Tudo isso, volto a dizer, faz parte da construção da nossa consciência política. Não adianta o empresário “molhar” a mão do vereador ou do prefeito da sua cidade na campanha política dele, obter interesses pessoais depois, e reclamar da quantidade de impostos que se paga. Você é que alimenta o sistema.
Fonte: Viversuperando

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